segunda-feira, 1 de novembro de 2010


ENTREVISTA SEMI- ESTRUTURADA SOBRE EDUCAÇÃO POPULAR.

NOME(S) OU CODINOME(S) DO ENTREVISTADO(S) (A).
1- Maria Alice Fernandes Braga.
Dia Horário: 27 de outubro ás 10:30 hs. Local: Internet;

2- Elcielma dos Santos Nascimento
Dia Horário: 29 de outubro ás 10:00hs local: Sede da instituição pesquisada, Cidade Estrutural-DF;

3- Bruno Feitosa de Araújo
Dia Horário: 29 de outubro ás 14:00hs local: Sede da instituição pesquisada, Cidade Estrutural-DF;

4- Flávia Pacheco Ferreira
Dia Horário: 30 de outubro ás 20:30 hs. Local: Internet.

CÓDIGO DOS ENTREVISTADOS:

1- Conselheira Fiscal (CF) e Professora [Prof.(a)];
2- Secretária (SEC);
3- Gestor pedagógico (GP);
4- Presidente (Presid.).
a. QUAL A SUA FORMAÇÃO?

1- CF.Prof.(a). Superior em psicologia, licenciatura e bacharel em música;
2- SEC. Ensino Médio Completo, formado no 1º módulo do curso profissionalizante do IRS e cursando 4º semestre em administração;
3- GP. Ensino Médio Completo, formado no 1º módulo do curso profissionalizante do IRS e cursando 4º semestre em Pedagogia;
4- PRESID. Superior em engenharia de alimentos.
b. QUAL A SUA FUNÇÃO DENTRO DESSA INSTITUIÇÃO?

1- CF.Prof.(a) Conselheira Fiscal e professora de música;
2- SEC. Secretária e aluna;
3- GP. Aluno, Arquivista, Arranjador e Produtor do Material de didático;
4- PRESID. Presidente da Instituição.

c. QUAIS SÃO AS PRINCIPAIS DIFICULDADES ADMINISTRATIVAS QUE ESSA INSTITUIÇÃO ENFRENTA POR SER UMA ONG?

1- CF.Prof(a) . Não conseguiu responder;
2- SEC. Considera que existe certo descaso por parte das instituições financeiras e administrativas, quer sejam públicas ou privadas em oferecer o devido crédito que a instituição sem fins lucrativos merecem, dado o seu próprio exemplo;
3- GP. Creio que um problema a ser considerado é o fato que o projeto vem sendo patrocinado por empresas privadas que esperam do projeto como contraproposta geração de renda, sendo que, por outro lado esperam que ela seja uma instituição sem fins lucrativos. Ou seja; gerar renda sem cobrar dos alunos ou da comunidade;
4- PRESID. Apesar de ser uma instituição com uma estrutura simplificada, a burocracia diante os órgão prestadores de serviço e apoiadores financeiros sobrecarregam muito o sistema, necessitando assim de uma estrutura bem mais complexa e inviável devido o nosso aporte financeiro.


d. QUAIS SÃO AS PRINCIPAIS DIFICULDADES PEDAGÓGICAS QUE ESSA INSTITUIÇÃO ENFRENTA POR ESTAR DENTRO DE UMA COMUNIDADE CARENTE?

1- CF. Prof.(a) O desenvolvimento do trabalho pedagógico é comprometido pela fragilidade emocional, sendo necessário um suporte psicológico na inteligência emocional para o fortalecimento da auto estima. E com os pais;
2- SEC. A minha percepção é a de que os alunos têm preocupações mais emergenciais como comida, roupa; não se preocupando com o planejamento do futuro por meio da educação. Também apresentam dificuldades em seu convívio familiar, o que faz com que eles já venham à aula sobrecarregados, não tendo a devida atenção;
3- GP. Esta é uma comunidade carente não somente de dinheiro, mas principalmente de perspectiva de futuro. É geral a concepção de que o governo tem que oferecer recursos para a sobrevivência da população. A comunidade está viciada com apoios governamentais, como “Pão e Leite”, “Bolsa Família” e vários outros. Os alunos que atendemos não vêm na educação uma chance de mudança de vida, ainda mais na educação musical que é vista como um passatempo e não como mais um curso profissionalizante. O que também é culpa do governo que enche a comunidade de cursos de curtíssima duração, que não ensinam nem preparam para o mercado de trabalho. A principal dificuldade pedagógica está justamente no primeiro contato com os alunos na forma como vamos conscientizá-los de que uma educação de qualidade é a mais importante chave para a liberdade individual, para o controle do seu destino. Indivíduos bem preparados não precisam da ajuda paternalista de governantes que na verdade não ajudam, mas sim usam esses projetos como forma de compra de voto;
4- PRESID. É quase uma contracultura diante do perfil de projetos que são apresentados nessa comunidade. Daí a dificuldade de permanência e desenvolvimento do trabalho pedagogia devido à grande evasão dos alunos, que estão acostumados com projetos a curto e curtíssimo prazo e que não trazem de forma efetiva perspectivas reais de mudanças e novas possibilidades.


e. QUAIS SÃO AS PRINCIPAIS DIFICULDADES LOGÍSTICAS QUE ESTA INSTITUIÇÃO ENFRENTA DEVIDO À FALTA DE RECURSOS?

1- CF.Prof.(a) Falta de material didático, suporte tecnológico, transporte, espaço físico e professores que complementem a grade curricular;
2- SEC. Espaço físico inadequado. Com o crescimento do número de alunos a sala de aula fica muito cheia, o que acontece, por exemplo, com a turma de violino que muitas vezes tem que ser dividida, obrigando aparte dos alunos que se dirijam a espaços improvisados, como a secretaria;
3- GP. Nesse último ano o numero de alunos cresceu muito tornando o espaço físico insuficiente, a necessidade de aumento no número de monitores capacitados, o aumento na quantidade de instrumento e a contratação de novos professores;
4- PRESID. De toda sorte: transporte, materiais, espaço, manutenção, pessoal, alimentação. Ou seja, falta do recurso financeiro que abrigue as nossas necessidades com um todo.

f. O QUE ESTA INSTITUIÇÃO TEM FEITO PARA AMENIZAR OS PROBLEMAS SOCIAIS DESTA COMUNIDADE?

1- CF.Prof.(a) Tem proporcionado educação nos planos sociais, profissionais e emocionais;
2- SEC. Tem promovido bazares/shows que são na verdade uma forma de aproximação com a nossa comunidade é quando oferecemos produtos de qualidade obtidos por meio de doações de colaboradores e admiradores do projeto a preços acessíveis, além de um concerto com os alunos matriculados, professores e monitores;
3- GP. A comunidade tem preocupações mais emergenciais, por exemplo, comida, roupa e bem estar. Por isso, promovemos de tempo em tempo bazares com produtos arrecadados com os admiradores do nosso projeto. Produtos de qualidade e que a comunidade dificilmente teria acesso e que nós disponibilizamos a baixo custo. Isto eleva à auto-estima dos indivíduos;
4- PRESID. O foco de ação do instituto é dividido em: profissionalizante (núcleo), educação musical (2ª prioridade), divulgação cultural (3ª prioridade) e apoio social (4ª prioridade). Nesta ordem temos oferecido novas perspectivas profissionais, fortalecido a formação educacional, democratizado o acesso a cultura e oferecido préstimos materiais aos mais necessitados da comunidade.


g. QUE ESTRATÉGIAS ESSA INSTITUIÇÃO TEM ADOTADO VISANDO CONTRIBUIR PARA UMA GESTÃO AUTO- SUSTENTÁVEL?

1- CF.Prof. (a) Formação profissional de alunos, que geram monitores em prol do atendimento educacional da instituição e expansão do nosso modelo educacional para outras instituições;
2- SEC. Estamos procurando expandir o nosso modelo educacional para outras Instituições, é um ensino voltado totalmente para educação musical e profissionalizante dos alunos que participam conosco algum tempo. Onde eles agem como monitores gerando auto sustentabilidade para si e para a instituição;
3- GP. Criando um mercado consumidor, pois decidimos estimular na comunidade em que trabalhamos a vontade de conhecer e consumir uma música de melhor qualidade. Pro outro lado, por sermos uma instituição sem fins lucrativos, usamos o nosso trabalho desenvolvido nessa comunidade como modelo de educação para as outras instituições. Na expansão institucional, conseguimos recurso para apoio salarial dos professores e para apoio da bolsa de estudo dos monitores. Apesar de inicial, o projeto tem obtido êxito. Além disso, vendemos produtos como: partituras, Kits de ensaio, métodos e CDs;
4- PRESID. Formando alunos monitores e gestores que reproduzam o nosso modelo educacional para a comunidade como um todo e para outras instituições gerando renda para o instituto. Produzindo material didático e artístico em prol da inserção do instituto no mercado artístico e comercial.

h. QUAIS DESSAS ESTRATÉGIAS FORAM BEM-SUCEDIDAS E QUAIS NÃO TIVERAM ÊXITO? POR QUÊ?
Bem sucedidas:
1- CF.Prof. (a) Formação profissional de alunos, que geram monitores em prol do atendimento educacional da instituição e expansão do nosso modelo educacional para outras instituições;
2- SEC. A estratégia de expansão do modelo educacional do projeto musical está tendo grande êxito;
3- GP. Bem, como tudo ainda é muito recente todo esse novo direcionamento que o projeto tomou, estamos em faze de teste. Mas aparentemente serão projetos bem sucedidos;
4- PRESID. O nosso projeto de expansão educacional do instituto.

Não tiveram êxito:
1- CF. Professor (a) O investimento em monitores que não trouxeram retorno social, educacional e financeiro;
4- PRESID. O processo inicial de seleção de alunos como monitores.

i. VOCÊ SE SENTE INSEGURA POR TRABALHAR DENTRO DE UMA FAVELA?

1- CF.Prof. (a) Não, porque toda a cidade e todo o Brasil carecem de segurança;
2- SEC. Não, pois moro nesta. È certo que dá um certo desconforto por não temos uma segurança adequada, mas não podemos nos deixar levar por esse aspecto, se ficarmos com medo, jamais alcançaremos aqueles que realmente precisão da nossa ajuda;
3- GP. Não. Pois trabalho e moro na favela. Antes de ser monitor eu era aluno. Por isso sou a prova viva de que investir em pessoas de comunidades carentes pode dar certo;
4- PRESID. Não. Trabalho a nove anos na comunidade e durante esse tempo teve pequenos contra tempos bem setorizados, nada que me gerasse insegurança.

CONCLUSÃO
As ONGS são agentes sociais educacionais, profissionalizantes e culturais para uma camada social com acesso limitado. Representar o senso comum da comunidade em que trabalham, valorizando os talentos locais que dificilmente teriam visibilidade por outros meios. O trabalho voluntário é uma das formas de se dividir o pão nosso de cada dia com aqueles que necessitam do alimento nutritivo, religioso e cultural. Também na oportunidade para que os assistidos conheçam um mundo além das dificuldades, da esmola e da violência. Uma opção concreta para um futuro melhor. É certo que não serão resolvidos todos os problemas da comunidade e de seus moradores. Mas é um caminho de reciclagem no qual os moradores tenham novas oportunidades de desenvolvimento do caráter e da inclusão social.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Projeto de pesquisa

Estrutural: reciclando sons, cultura e sonhos


Projeto de pesquisa

A Cidade Estrutural é uma das centenas de favelas brasileiras que teve como cerne de sua formação dois fatores que desestruturam a nossa sociedade: a péssima distribuição de renda e a falta de políticas públicas eficazes que gerem emprego nas regiões menos favorecidas do Brasil.

Consciente do seu dever como cidadã, de oferecer mais que sobrevivência para os moradores da Cidade Estrutural-DF, a professora de música Rejane Pacheco se dispôs a investir tempo e dinheiro no suprimento cultural de um grupo de crianças, adolescentes e jovens da cidade. No segundo semestre de 2001, ela reuniu um grupo de 22 componentes para desenvolver o ensino teórico e prático de música na área de canto-coral e instrumentos diversos. Com a ajuda de empresas privadas e voluntários, Rejane Pacheco conseguiu doações para a compra de instrumentos musicais, equipamentos e materiais didáticos, para que o grupo pudesse desenvolver atividades culturais e sócio-educativas. Surge então o INSTITUTO RECICLANDO SONS.


APRESENTAÇÃO

1.1 Instituto Reciclando Sons

O Instituto Reciclando Sons (IRS) está com oito anos de trabalho na Cidade Estrutural-DF oferecendo educação, profissionalização, divulgação da cultura e apoio social.

- educação: restaurando jovens em situação de risco, preparando os alunos destaques como monitores para execução do projeto com a comunidade, ampliando assim o trabalho para educação infantil, de jovens e adultos nos três turnos;

- profissionalização: trazendo perspectivas de uma realidade melhor, revelando talentos (produzindo musical, material didático, shows, jingle, cd promocional, eventos e oferecendo bolsa de estudo para os alunos destaques);

- divulgação da cultura: prestando serviços à comunidade com cursos de férias, shows, bazares temáticos, almoços e participando de eventos dentro dessa. Nesse ano atendemos uma média de sessenta alunos entre crianças, jovens e adultos;

- apoio social: realizando a integração dos participantes dos projetos com os familiares e comunidade por meio de eventos culturais e bazares/show.

1.2. Projetos

Os projetos sociais realizados pelo IRS focam a educação musical, profissionalização e cidadania. São eles:

1.2.1 Projeto Educacional – Oficinas Musicais

O projeto educacional do instituto é divido em oficinas:

1) Canto-coral.

2) Teoria musical com prática em teclado.

3) Percussão com ênfase em ritmos latinos.

4) Cordas/método SUZUKI em violino.

5) Estúdio comunitário.

6) Musicalização infantil.

1.2.2 Projeto Empregando Talentos

A bolsa-monitoria foi criada com o intuito de apoiar os alunos destaques, e integrar à proposta de profissionalização do instituto. O saldo do nosso trabalho é bastante positivo. As bolsas foram ampliadas para sete alunos/monitores graças ao apoio dos comitês: SOS CIDADANIA - BB e CD - CIDADANIA. Os monitores assumiram seu papel no fortalecimento e ampliação das oficinas, no ano de 2009 estamos com o projeto de expandir nosso modelo educacional para outras instituições.

1.2.3 Projeto Apadrinhamento Contra a Fome

Esse projeto consiste na doação da comunidade para o Instituto no valor referente a uma cesta básica, que é utilizado no oferecimento de lanches diários e préstimos sociais aos alunos mais carentes. Infelizmente as doações foram bem escassas nesse ano, diminuindo o oferecimento dos lanches e reduzindo muito.

2. Ações Sociais

O instituto realizou quatro Bazares/Show para a comunidade da Cidade Estrutural com objetivo de divulgar cultura, oferecer produtos de qualidade a preços bem mais baixos e trazer entretenimento. Essas ações são graças as nossas campanhas de arrecadação e o apoio de muitos.

2.1 Cursos extracurriculares

No mês de janeiro os alunos bolsistas participaram do curso Internacional de Música da EMB. Em julho, o IRS realizou na Cidade Estrutural o 2º Festival de Inverno, através de oficinas de música e teatro os alunos desempenharam seu potencial, os arranjos das peças populares e eruditas foram adaptados para o nosso grupo, apresentados em praça pública, igrejas e em um emocionante concerto de encerramento para um grande número de ouvintes.

2.3 Resultados

Os projetos educacionais tem alçado uma qualidade antes nunca vivida, os desafios financeiros tomaram proporções maiores devido ao crescimento do trabalho. O envolvimento do instituto com a comunidade foi ampliado, em conseqüência de uma série de ações que produzimos para essa.

3. Eventos

O instituto dedicou todo o seu trabalho artístico na montagem da adaptação do musical da Broadway “O Fantasma da Ópera”. Foi o grande desafio para os alunos e professores que exploraram o mundo da produção: arranjos e gravação das trilhas (Estúdio Comunitário), tradução, cenário, figurino, coreografia, iluminação e execução. Obtivemos o reconhecimento da mídia e do público, sendo esses de grande valia para uma maior projeção do instituto. Esse projeto aconteceu graças ao patrocínio da empresa

4. Conclusão

O Instituto tem direcionado suas ações para o crescimento não só como um agente social, mas também como entidade profissionalizante. No aspecto social, os bazares e as apresentações serviram como um momento de entretenimento para uma camada social com acesso limitado aos bens culturais. Tendo, como exemplo, a realização do musical “O Fantasma da Ópera” que inseriu os monitores e alunos nas grandes produções artísticas da cidade. No aspecto profissionalizante, aumentamos o número de monitores, por consequência o numero de alunos cresceu 20% em relação ao ano anterior, o que garante o desenvolvimento de mais pessoas como cidadãos e profissionais. A possibilidade de vivência com esses alunos nos permite representar o senso comum da comunidade em que trabalhamos.Com a criação do estúdio vieram novas responsabilidades:

- a valorização da cultura e dos talentos locais, que dificilmente teriam visibilidade por outros meios;

- o apoio ao comércio local, com a produção de jingles e vinhetas;

- o oferecimento de mais um curso profissionalizante; e

- a produção própria de materiais didáticos para o Instituto.

Para tanto esbarramos em algumas dificuldades:

- Falta de instrumentos e equipamentos.

- Falta de recursos para a contratação de mais professores.

- Falta de acompanhamento psicológico para os alunos.

O instituto acredita que o trabalho voluntário é uma das formas de se dividir o pão nosso de cada dia com aqueles que necessitam do alimento nutritivo, religioso e cultural. Também na oportunidade para que os assistidos conheçam um mundo além das dificuldades, da esmola e da violência. Uma opção concreta para um futuro melhor. É certo que não serão resolvidos todos os problemas da Estrutural, e de seus moradores. Mas é um caminho de reciclagem no qual os participantes e seus familiares conhecem a arte e a cultura como uma ferramenta de desenvolvimento do caráter e da inclusão social.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

HISTÓRIA DA CIDADE ESTRUTURAL

A Cidade Estrutural é uma das centenas de favelas brasileiras que teve como cerne de sua formação dois fatores que desestruturam a nossa sociedade: a péssima distribuição de renda e a falta de políticas públicas eficazes que gerem emprego nas regiões menos favorecidas do Brasil. Foi ocupada inicialmente por imigrantes que buscavam no lixo uma fonte de renda, os quais se estabeleceram no chamado “Lixão”, com moradias precárias. Os primeiros moradores fixaram-se ali há trinta anos. Foi dividida em duas áreas; Vila Velha e Vila Nova, que se distinguem devido às diferenças de perfil sócio-econômico. Na Vila Velha, localizada próximo ao aterro sanitário, a população é mais pobre formada principalmente pelos catadores de lixo, os primeiros a ocuparem a área. E a Vila Nova, às margens da DF-095, com mais casas de alvenaria e um comércio que tem de tudo um pouco.

ADMINISTRAÇÃO

Em 1989 foi criado o Setor Complementar de Indústria e Abastecimento – SCIA, ao lado da Via Estrutural, época em que se previa a remoção da invasão para outro local. Várias tentativas foram realizadas neste sentido. Em janeiro de 2004 o SCIA foi transformado na Região Administrativa XXV - Lei nº 3.315, tendo a Estrutural como sua sede urbana, contando, também, com a Cidade do Automóvel, onde está localizada a sede da Administração Regional.


Na Cidade Estrutural existem 30 entidades sociais sem fins lucrativos, uma cooperativa de catadores, 21 prefeituras (quadra, setor de chácaras e área especial) e 01 Associação Comunitária Regional. Considerada uma das regiões mais pobres do Distrito Federal, dado ao tipo de moradia predominante na Região Administrativa que são os ‘barracos’ em sua maioria, a cidade tem passado por valorização, pois é a aglomeração urbana mais próxima de Brasília entre todas as cidades do Distrito Federal.

POPULAÇÃO

É a segunda maior favela do Distrito Federal, com cerca de 38 mil habitantes. A renda média das famílias que vivem na Estrutural é de um a três salários mínimos mensais, mas pode-se encontrar núcleos que ganham até seis salários mínimos por mês. A média de membros por família é de 4,2 pessoas.


LIXÃO E A QUESTÃO AMBIENTAL

Todo o material é vendido dentro do próprio lixão, há catadores que se tornaram empresários informais e montaram ‘escritórios’ de compra dos materiais encontrados no lixão. Para evitar a disputa, os catadores criaram associações que proibem a exploração do lixão àqueles que não estão cadastrados na associação. A associação está filiada ao Centcoop (Central de cooperativa de materiais recicláveis), reunindo 2.057 trabalhadores.


No dia 19 de abril de 2004 foi realizada audiência pública para divulgação do Estudo de Impacto Ambiental para a área da Cidade Estrutural que, dentre as suas recomendações, fixa a população atual, desde que seja executado um plano radical de reurbanização e sejam tomadas medidas de controle ambiental, como a desativação do aterro sanitário e a criação de uma zona tampão entre o assentamento e o aterro, reduzindo a pressão sobre o Parque Nacional de Brasília





CULTURA E ARTE

As instituições sociais sem fins lucrativos, sendo a grande maioria ONGS, promovem educação cidadã por meio da arte e divulgam cultura com eventos sociais dentro da cidade. Tendo como exemplo o Instituto Reciclando Sons, criado no segundo semestre de 2001 comum grupo de 22 componentes, iniciou com o objetivo de desenvolver o ensino teórico e prático de música na área de canto-coral e instrumentos diversos. Este projeto é ajudado por empresas privadas e voluntários. Atualmente, atende mais de 70 componentes e se tornou um pólo de formação profissional com bolsa de estudo para os alunos destaques. Esse grupo está inserido na agenda cultural da capital, levando música para eventos de instituições públicas e privadas. Entre outros espetáculos, já produziram o “Fantasma da Ópera”de Llody Weber, apresentado em novembro de 2008, obteve reconhecimento da mídia e da comunidade. A garra deste grupo é um espelho da comunidade em que vivem. Eles conseguem erguer da falta de estrutura projetos admiráveis. Reciclam instrumentos, materiais, sonhos e a vontade de superar diariamente as dificuldades para sustentarem suas famílias.